terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Aos Nossos Amigos!

A Associação Lageana de Escritores chega ao final de 2011 com a certeza de que não trilhou sozinha este ano de realizações.
Várias pessoas e entidades culturais participaram, de alguma forma, das atividades que a ALE desenvolveu.
Os escritores lageanos desejam a todos que participam ativamente da Cultura
e da Educação na Serra Catarinense, votos de
boas festas e feliz 2012.

NÉVIO SANTANA FERNANDES
PRESIDENTE

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Lages dos Mistérios e das Sete Colinas

Márcio Camargo Costa



Lages de tantos causos e personagens.
Lages que poucos odeiam e todos amam.
Lages grimpa, mas ainda cabocla e nativista.
Lages proletária e burguesa.
Dos suburbanos que em círculos concêntricos avançam para o centro.
Dos novos ricos periféricos
deslocando oligarquias decadentes.
Das mansões em ruínas renascendo em espigões.
Lages de João Rath da Dona Maria,
mais antigo livreiro do Estado,
Dom Quixote literário, resistindo há mais de meio século na rocinante trincheira do saber.
Lages dos nossos saudosos e últimos
filósofos cínicos: Rogério Castro e Nereu Goss.
Lages de Elionir, nossa agitadora cultural.
Lages das mais belas mulheres do Mundo,
que enfeitiçam os corações de todos
e arrancam suspiros saudosos
dos eternos velhinhos do Calçadão,
nossos derradeiros românticos.
Ah! Lages, acima de tudo formosa, amada, sagrada.
Lages predestinada.
Como Roma, Lisboa e outras urbes eternas,
circundada por Sete Colinas.
Sim, Lages também tem suas Sete Colinas.
E isso, segundo antiga lenda,
é sinal de permanente proteção dos deuses.
Tributos, Juca Prudente, Caveiras, Morro Grande,
Lomba Seca, Morro do Posto e Espigão.
Essas, as Sete Colinas Sagradas
que abraçam a nossa Lages.
Resguardando esse ninho serrano e seus mistérios
e que um dia teve, verdade seja dita,
suas mulas coiceiras e suas chinas abomináveis,
mas que é hoje e será, sempre,
o Perpétuo Oásis de nossas Vidas.

In: Caderneta Poética - nº 0. Gráfica da Prefeitura de Lages. Lages, 2005
Foto: Lages em 1896. Acervo Museu Thiago de Castro
Edição: Alexandro Reis

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Coletânea: “CONTO E POESIA”, Sinergia, Florianópolis/SC






Nossa amiga e associada IVONE DAURA DA SILVA, com trabalho selecionado no 7º Concurso Literário promovido pelo Sinergia, retransmite o convite do Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis/SC para o lançamento do livro Conto e Poesia, no dia 02 de dezembro de 2011, sexta-feira, às 19h no Palácio Cruz e Souza.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Livro: “A GESTÃO EDUCACIONAL NA CONTEMPORANEIDADE”, de Giedre Sá


No próximo dia 04 de Novembro de 2011, sexta-feira, às 19:30h,  a Fundação Cultural de Lages será palco de mais um importante lançamento do livro "A GESTÃO EDUCACIONAL NA CONTEMPORANEIDADE E A CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA EMANCIPATÓRIA À  LUZ DA TEORIA DE ANTONIO GRAMSCI”, da professora Giedre Ragnini Sá.

Este livro propõe algumas discussões que contribuem para a articulação de uma prática reflexiva e coerente na gestão escolar, e oferece aos educadores e gestores elementos que possibilitam a análise da prática da gestão escolar e que ajudam a modificá-la.

Sobre a autora

Trabalhando na educação pública desde 1983, Giedre foi professora das séries iniciais, e atuou como professora de Língua Portuguesa nas séries finais do ensino fundamental.

Sua atuação na gestão educacional lhe possibilitou uma vivência com seus pares nos espaços da escola de interrogação, desafios, mas principalmente o de perceber o quanto é importante a atuação dos educadores que ocupam esta importante função. Seu campo de atuação é na formação de professores do sistema Municipal de ensino de Lages, e também atua na formação de gestores. Produz material para assessorar a prática pedagógica sobre a gestão escolar, sobre a importância de ler e escrever na escola e sobre a alfabetização e letramento.

Fundação Cultural de Lages
Prestigie!

sábado, 29 de outubro de 2011

Panorama Catarina: Literatura 2011

A Design Editora, com mais de cem títulos lançados desde 2006, promove o Panorama Catarina: Literatura 2011, uma mostra de literatura catarinense contemporânea que apresenta seus melhores livros de poesias e contos lançados em 2011.

Chapecó, Joinville, Jaraguá do Sul, Rio do Sul e Laguna marcam presença na mostra, que revela a força da literatura contemporânea produzida no estado. Quem pintar no evento leva as obras na faixa, e ainda bate um papo com os autores. Vai perder? Não, né? Então nos vemos dia 10 novembro 2011, quinta-feira, das 17:30h às 19:00h, na Livros & Livros do centro, Jerônimo Coelho 215, Florianópolis/SC.

A editora de Santa Catarina

domingo, 23 de outubro de 2011

Repassando o Passado


Repassando o Passado
Homenagem a Lages

Júlio Corsetti Malinverni


Encantado com a beleza nativa da Serra
Decidiu Corrêa Pinto, em largo sorriso:
"AQUI FUNDAREI LAGES, por ser esta terra
A morada de Deus... o próprio Paraíso".

Poeta inspirado quisera eu ser,
Para, em versos sublimes, poder ofertar
A Lages querida, que me soube acolher,
Divinal canção de beleza sem par...

Cantaria seus rios, vales e montes,
Sua pradaria, exuberante e florida;
O azul celeste, unindo horizontes,
E a bela paisagem o cheia de vida.

Cantaria o passado, com tanta saudade...
Lembraria a amizade que a todos unia
E os saraus elegantes da alegre cidade,
Envolvida nos sonhos de sua fantasia.

Lembraria riquíssimas jóias preciosas,
Ornando o colo das meigas donzelas;
Os vestidos barrados de rendas mimosas
E rosas pendentes florindo lapelas.

Lembraria os jovens, em dado momento,
Ostentando "croisettes", em noite de gala,
E as damas propondo fazer casamento
Dos filhos dançando no centro da sala.

Lembraria as serestas, ao som do violão,
No silêncio das noites de lindo luar;
O perfume das flores em pleno verão
Atraindo colibris que as vinham beijar.

Lembraria os folguedos dos carnavais
E o entrudo de rua em duelos de água;
As valsas serenas embalando os casais,
Ditosos e alegres, sem nuvens de mágoa.

Lembraria o "Cravo Preto" e "Vai ou Racha",
Expondo alegorias em corsos brilhantes;
As ricas fantasias e cordões em marcha,
Com fogos em cores de chispas bailantes.

Lembraria as crianças, ainda inocentes,
Correndo e pulando na rua a brincar;
As frutas gostosas de galhos pendentes
Das quintas vizinhas que íamos furtar.

Lembraria o corre-corre de "Roda-cutia"
E do vivaz "Coelho-sai", sem poder sair;
Da brincadeira era tão grande a alegria
Que a Lua, entretida, se punha a sorrir.

Lembraria a Cacimba de pedra talhada,
Que ordem impiedosa sem dó soterrou,
A dar água abundante, gratuita e filtrada,
Às gerações lageanas que o tempo levou.

Lembraria o Cará e sua água amornada,
Onde todos os moleques iam nadar;
O Tanque vertendo uma água azulada
Onde era lavada a roupa a engomar.

Lembraria o estilo do Teatro de então,
Com suas galerias, platéia e balcões;
O público aclamando, com viva emoção,
Os atores lageanos e suas tradições.

Diria das artes, da música, dos poetas,
Da cidade romântica, que foi outrora;
Da sociedade cristã, sem pornô-patetas,
No lar educada e mais humana que agora.

Lembraria da Matriz o repicar dos sinos
Chamando à oração o coração da gente
Qual coro de Anjos, entoando hinos,
Pedindo a Deus a salvação do crente.

Falaria da branca e vetusta capela,
No alto da rua Corrêa Pinto erigida;
Da Santa do Rosário – a mãe mais bela
E de todas as mães a mãe o querida.

Lembraria a festança de Santa Cruz
Com missas, novenas e procissões;
O leilão de prendas, galinhas, perus
E o pau-de-sebo, fogueira e balões.

Lembraria Frei Rogério, o húmile Cura,
Distribuindo aos pobres agasalho e pão,
E levando aos lares, com tanta ternura,
A mensagem Divina de Amor e Perdão.

Lembraria os invernos na nossa cidade
E as fortes nevadas em toda a região;
Dos ponchos e das botas que na herdade
Abrigam ricos e pobres, sem distinção.

Diria do tropeiro guiando a boiada
Através a estrada poeirenta da Serra,
Que, com sol ou chuva, neve ou geada,
No exato destino a jornada encerra.

Diria das velhas e austeras mansões,
Onde formou-se a tradição lageana;
Da têmpera de o de ilustres varões
E da ousada bravura da gente serrana.

Lembraria Lages dos tempos de então,
Com mesas fartas em todos os lares;
Do vintém, passando de mão em mão,
Sem lecos mendigos de tristes olhares.

Diria do fio de barba tirado do rosto,
Que fiel documento passava a valer;
Do carro de boi descendo do Posto,
Chiando e gemendo com lenha a vender.

Diria das guaiacas de dinheiro recheadas,
E do tilintar da prata sobre os balcões;
Também das onças e libras que eram guardadas
Em canastras chaveadas ou velhos colchões.

Lembraria, saudoso, a infância querida,
Do travesso que a todos sabia agradar;
Dos conselhos paternos a guiar-me na vida,
E, dos lábios da mãe pelo filho a rezar.

Diria dos jagunços, no cerco a cidade,
E do chefe Deodato, que eu vi na prisão;
Das bravas escoltas da legalidade,
Em guarda constante do Posto ao Lagoão.

Eis que o tempo se escoa!... Tudo perece...
A gente definha, belos sonhos se vão...
Mas Lages progride, renova-se e cresce,
Na atraente paisagem do nosso rincão.

AGORA...

Diria dos lamentos que estamos a ouvir,
Ante a ganância que agride e explora;
Da ação transgressora que quer destruir
A riqueza da fauna e a beleza da flora.

Diria muito do passado, não do porvir
Porque no futuro haverá confusão;
Pela Vida e pelo Lar, convém prevenir:
O aborto e o divórcio vão gerar solidão.

Como os tempos idos não tornam jamais,
O respeito se foi... e o amor também vai;
Ninguém deve a ninguém e não se diz mais:
"Sua bênção, mamãe!... Sua bênção, papai!..."

Se os sonhos da vida são frias quimeras,
Que a saudade recorda com suspiros e ais,
Deixai que eu lance minha Lira às feras
E a tristeza se vá para não tornar mais.

In: O Morro do Surrão. Gráfica Vicentina. Lages, 1985
Foto: Lages em 1927. Acervo Museu Thiago de Castro
Edição: Alexandro Reis