Lages que poucos odeiam e todos amam.
Lages grimpa, mas ainda cabocla e nativista.
Lages proletária e burguesa.
Dos suburbanos que em círculos concêntricos avançam para o centro.
Dos novos ricos periféricos
deslocando oligarquias decadentes.
Das mansões em ruínas renascendo em espigões.
Lages de João Rath da Dona Maria,
mais antigo livreiro do Estado,
Dom Quixote literário, resistindo há mais de meio século na rocinante trincheira do saber.
Lages dos nossos saudosos e últimos
filósofos cínicos: Rogério Castro e Nereu Goss.
Lages de Elionir, nossa agitadora cultural.
Lages das mais belas mulheres do Mundo,
que enfeitiçam os corações de todos
e arrancam suspiros saudosos
dos eternos velhinhos do Calçadão,
nossos derradeiros românticos.
Ah! Lages, acima de tudo formosa, amada, sagrada.
Lages predestinada.
Como Roma, Lisboa e outras urbes eternas,
circundada por Sete Colinas.
Sim, Lages também tem suas Sete Colinas.
E isso, segundo antiga lenda,
é sinal de permanente proteção dos deuses.
Tributos, Juca Prudente, Caveiras, Morro Grande,
Lomba Seca, Morro do Posto e Espigão.
Essas, as Sete Colinas Sagradas
que abraçam a nossa Lages.
Resguardando esse ninho serrano e seus mistérios
e que um dia teve, verdade seja dita,
suas mulas coiceiras e suas chinas abomináveis,
mas que é hoje e será, sempre,
o Perpétuo Oásis de nossas Vidas. In: Caderneta Poética - nº 0. Gráfica da Prefeitura de Lages. Lages, 2005
Edição: Alexandro Reis